Eu médico, Eu monstro e a Princesa


Dupla personalidade... Eu sofria desse mal... Resolvi escrever essa crônica depois de assistir ao filme de Jim Carrey, “Eu, eu mesmo e Irene”. Não vou tratar especificamente do adoentado; mas, sim, da pessoa que convive com o indivíduo que se divide em duas ou mais faces, e tem que ter jogo de cintura para não passar a mão numa pistola e descarregar nos cornos de cada personalidade que seu cônjuge apresenta.
Agradeço a Deus o fato de Ele ter colocado no meu caminho a minha dedicada e compreensiva namorada. Com doçura, paciência e dedicação ela não desiste de lutar pela nossa felicidade juntos. Perdi a conta de quantas vezes eu pedi para ela passar a camisa preta e, depois, quando a minha outra personalidade se manifestava, eu exigia a camisa vermelha e ela, como uma mucama dedicada, não contestava... Comidas? Quantas vezes ela voltou para a cozinha a comida que ela tinha feito para mim, e eu obrigando-a a preparar outra refeição, pois minha outra personalidade se recusava a ingerir o alimento que ela havia preparado... E da vez que o controle remoto da TV pifou e eu tive várias crises manifestadas, obrigando-a a levantar e trocar de canal quantas vezes as minhas personalidades pedissem? Ela agia assim porque não me queria ver indisposto com “o outro”.
Hoje, felizmente, eu me considero liberto dessa moléstia graças a minha zelosa Princesinha. Vou narrar para vocês o dia em que ela exorcizou a minha outra “persona”: Fomos convidados para a celebração matrimonial de um casal amigo nosso. Depois da igreja, nos dirigimos a um salão de festas que tinha sido preparado para a recepção dos convidados. Assim que adentramos o recinto, a minha outra personalidade se apresentou e logo foi ciscar em torno de uma gostosura que estava dançando animadamente. Eu tentava desesperadamente retomar o controle da situação, pois sabia que a Princesa, ciumenta como só ela, não agüentaria aquele desfrute todo... Está certo que eu não tentei com tanta vontade assim, afinal a mulher era realmente muito gata, mas eu juro que aconselhei ao mentecapto que tomasse cuidado, porque a Princesa era uma fera. Contudo, apesar dos meus alertas, ele pouco se importou. Foi quando, de repente, eu senti que alguém havia me batido no topo da cabeça com uma porcaria qualquer. Quando eu e minha outra personalidade viramos nos deparamos com a Princesa rubra, cuspindo fogo! Eu nunca apanhei tanto em minha vida, amigos... Foram tantas tamancadas, socos e pontapés que eu perdi meus sentidos. Quando acordei, estava no hospital cheio de hematomas e acompanhado dos noivos. Perguntei o que tinha acontecido e eles, meio encabulados, me entregaram um bilhete que tinha sido escrito pela minha outra personalidade. Era uma mensagem de despedida. O infeliz dizia que tinha sido extremamente humilhado, ameaçado de morte pela Princesa e que estava partindo para sempre, pois não tinha mais cara de aparecer. Eu exclamei para os meus amigos que tinha sido melhor, ao que o noivo redargüir: “Qualquer um fugiria envergonhado, Pingüim”... Eu concordei: “Deve ter sido um vexame a surra que ele levou”... O meu amigo retrucou novamente: “Ninguém está comentando da surra, não... O burburinho é por conta da onde a Princesa enfiou o buquê da noiva...”.

O ronco do trovão


De todas as dificuldades que são intrínsecas a vida a dois, e das quais eu já tinha prévio conhecimento, uma, em especial, me causou maior espanto e descontentamento: o ronco de trovão que saia dentro da minha idolatrada e meiga Princesa durante o período em que ela dormia! Sei que estou agindo como um daqueles tablóides ingleses que vivem delatando, de forma exagerada e azucrinante e sensacionalista, a vida dos famosos, principalmente a intimidade dos nobres; mas, no meu caso, é a mais pura realidade! Na primeira noite que passamos dormindo lado a lado, eu fui acordado por um som alto, continuo. Que decepção... Enquanto o meu sono era estilhaçado pelos roncos da Princesa, eu me perguntava como podia ser, uma mulher tão delicada, pequena e sensível ser tomada por uma manifestação estrambótica feito aquela...
Outras noites insones como aquela se repetiram para mim. Como eu sou um Pinguim muito “compreensível”, numa certa manhã, com a cara fechada e extremamente mal humorado, toquei no delicado assunto com minha amada:
- Putz, Princesa! Você ronca pra cacete! Eu não estou conseguindo pregar meus olhos! Deus me livre! Se eu soubesse que você tinha esse defeito de fabricação não teria me casado com você! Vai ter que dar um jeito nessa situação, porque eu necessito dormir! Já não consigo me concentrar, estou com déficit de atenção, estressado! Como eu vou poder tramar meus cambalachos e falcatruas? Como eu vou sustentar a casa? Vamos passar fome por causa dos seus roncos intoleráveis!
A princesa retrucou, sentida, que aquilo não era verdade e que eu estava sendo extremamente grosseiro com uma dama do quilate dela.
Apesar de reconhecer que exagerei nos meus apontamentos, eu decidi provar a ela que não estava mentindo, não; de modo que deliberei comprar um gravador para registrar sigilosamente o ressonar ruidoso da Princesa.
Na loja de parafernálias eletrônicas eu desatei a desabafar a liça que eu estava enfrentando com um vendedor que prontamente se solidarizou comigo. Entregou-me um gravador high-tech que era capaz de captar os menores ruídos. Disse ele:
- Eu garanto, senhor Pinguim, esse aparelho vai lhe deixar satisfeitíssimo! É eficiente e capaz de registrar o espirro de um mosquitinho! O senhor vai conseguir provas liquidantes! Sua Princesa não poderá mais negar os fatos!
Agradeci e prometi ao rapaz que voltaria para contar sobre o desfecho positivo do meu plano infalível! Quando a noite despencou, eu armei minha arapuca para capturar os roncos da Princesa. Para mostrar a minha total isenção e imparcialidade no desenrolar dos acontecimentos, eu tomei um comprimido para dormir.
Quando o dia amanheceu, eu me levantei feito criança em manhã de Natal, louco para pegar o meu “presente”. Na mesa do café, com ar solene e vitorioso eu mostrei a ela o gravador e contei o que tinha feito. Pluguei o instrumento investigativo em duas caixas de som potentes para valorizar o “material” e o que eu ouvi fez-me perder várias penas! O ronco da Princesa tinha sido de fato patenteado; mas, para o meu embaraço e desapontamento o gravador também apanhou os meus roncos! PQP! Eu roncava muito mais alto que a minha Princesa! Vou ser mais didático: Se pudéssemos fazer uma antologia, os meus roncos seriam Zezé de Camargo e os da Princesa seriam a segunda voz, a do Luciano.
Voltei à loja e o vendedor, tão logo me viu cruzando a porta estranhou o meu aspecto derrotista e me perguntou curiosamente:
- O que houve senhor Pinguim? O gravador enguiçou? Ele não conseguiu apreender os roncos dela?
Não respondi nada, apenas coloquei o gravador em cima do balcão e dei play. O rapaz apurou os ouvidos e escutou as gargalhadas estridentes da Princesa: “KKKKKKKKKKKKKKK! Tooooooooma! KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK!”...

Um Pinguim, um porquinho e um real


Crise econômica mundial... Desemprego... Recessão... A vida anda dura, até mesmo para um pinguim malandro feito eu.
Não gosto de admitir que tenho pontos fracos, mas na atual conjectura global, um certo desvio de conduta que eu procurava manter oculto das pessoas (inimigos e fã-clube) se tornou patente e preocupante para a minha saúde financeira. Eu sou um comprador compulsivo, daquele tipo totalmente desvairado! Contudo, Com o dim-dim escasso no mercado, acabou se tornando mais difícil a aplicação dos meus golpes para continuar conservando o meu alto e requintado padrão de vida. A solução? Apertar o cinto, conseguir administrar e reduzir meus gastos astronômicos. Para tanto, fui procurar a ajuda competente de um assessor de finanças. O cara, após esmiuçador exame das minhas despesas, receitou a terapia necessária para me tirar da beira da penúria. Eu deveria evitar dispêndios desnecessários, manter os cartões de crédito a uma distância mínima de duzentos anos/luz da minha compulsão! Deveria economizar grana, abrir uma pequena poupança e estabelecer metas para o êxito do “tratamento”.
Aquelas recomendações, para uma ave descontrolada e pródiga em torrar cobres (com ou sem necessidade) foram um verdadeiro choque! Eu não estava acostumado a segurar meu voraz ímpeto esbanjador. Eu via, gostava e instantaneamente comprava sem me importar com o valor ou a real utilidade do objeto; entretanto eu era chamado a me policiar para não acabar na rua da amargura...
Cabisbaixo e compreendendo que a coisa estava preta para o meu lado, decidi me empenhar na ingrata missão de fazer minha graninha chegar até o final do mês.
No caminho até minha residência, eu me deparei com um vendedor ambulante que comercializava cofres de argila em vários formatos. Eu parei para olhar e resolvi comprar um em forma de porquinho do tamanho médio. Se era para começar a guardar dinheiro, então eu meteria no porco! Paguei com meus parcos recursos o precioso objeto... Entrei numa loja para comprar tintas e pincéis, pois o meu porquinho-cofre seria o mais transado do pedaço e, sendo assim, eu iria “customizar” o camaradinha! Queimei mais uma grana! Não satisfeito, descobri que não tinha uma mesa ou prateleira a altura de acolher o porquinho símbolo da minha capacidade de superação na façanha de ser mais comedido em termos de gastos supérfluos, a representação materializada da minha abstinência consumista! Ele passaria a ser o meu melhor amigo, o bichinho de estimação, então, ele merecia um altar digno de um deus porquinho!
Dirigi-me a mais cara loja de móveis da cidade. Não pensei em mensura de valores, afinal o meu porquinho fazia jus ao melhor! Um consultor da loja observou a importância da luz para enfatizar a beleza do objeto que ficaria em evidência sobre a mesa, ao que eu concordei depressa. Comprei uma linda luminária, um verdadeiro holofote para destacar meu porquinho anticonsumo! Também adquiri duas miniaturas de suínos para não deixa-lo solitário enquanto o coitado se incumbia de zelar pelo meu dinheiro... Nem mesmo esqueci de comprar um Cd de mantras para ressoar no templo da minha casa enquanto se multiplicava o meu patrimônio.
Depois do porquinho pintado e cenário montado, eu me preparei para o grande acontecimento que seria o primeiro e vultoso depósito no meu porquinho-cofre... Estourei o champanhe mais caro, fiz toda uma ritualística e quando peguei na minha carteira, levei um susto! Só havia me sobrado uma moeda de um real! Não acreditei naquilo! Virei e revirei a casa, os bolsos, mas não teve jeito: a minha superprodução foi ofuscada pela atuação caricata da ínfima importância que eu introduzira no porquinho... Apesar do fiasco inicial, eu fui dormi com a sensação de que minha vida estava dando uma guinada significativa.
Lá pelas tantas da madruga, eu acordei com o ronco retumbante do meu estômago. Lembrei que tinha passado o dia inteiro sem comer! Fui até a cozinha, procurei comida nos armários e geladeira, mas não encontrei, estava à zero! Comecei a entrar em desespero! Eu não suporto sentir fome! Sabia que não tinha mais nem um puto no bolso... O único dinheiro que me restara era a moedinha de um real que descansava tranquilamente nas entranhas do meu suíno de barro cozido!
Aproximei-me do cofrinho... O infeliz do porquinho parecia ter compreendido que a porca iria torcer o rabo pro lado dele e mostrava, em seus olhinhos, um ar que implorava pela minha clemência... Pensei sentir uma dor no coração, mas era ainda a minha barriga que protestava violentamente de fome! As horas se passavam e eu vivia aquele tormento selvagem entre “matar” ou morrer...
O dia amanheceu e o veredicto saiu conforme a minha lei: “Se a farinha é pouca, o meu pirão primeiro!”. E foi assim que o meu querido amiguinho teve a morte mais prematura da história dos cofres em designer de porquinho. Corri esfomeado para a padaria para comprar um real de pãezinhos.
Para aqueles que acham que eu não tenho coração nem juízo, eu respondo que, como forma de homenagear meu amigo, eu conservei os caquinhos dele sobre a mesa cara reluzidos pela luz potente da luminária e velados pelas duas miniaturas suínas... Que seus restos mortais descansem em santa paz...

Pinguim especula sobre uma "Força estranha"


Hoje, um amigo enviou-me um vídeo de um show que o Caetano Veloso estava fazendo em Brasília onde o cantor toma um susto...
A filmagem se inicia assim: Caetano está no palco com seu violão, a luminosidade é pouca... Ele canta os seguintes versos: “Por isso é que eu canto, não posso parar. Por isso essa voz tamanha... Por isso uma força me leva a cantar. Por isso essa força estranhaaaaaaaaaaaaaa (puft!)...” Daí a música pára repentinamente, pois Caetano se estabaca no chão quando, na intenção de se dirigir para mais perto do público que o acompanhava num coro harmônico, não percebeu que o palco tinha fim (como tudo na vida)... Conclusão: A força “estranha” o pegou... Pegou de tal jeito que o cara sumiu do palco...
Pois bem, meus amigos... Onde eu quero chegar com isso? Quero chegar à seguinte questão: Quem já não teve uma força “estranha” lhe dando uma banda, fazendo você beijar a lona na frente de outras pessoas? Para nós, os famosos, isso é pior ainda, pois geralmente estamos cercados de uma multidão de fãs...
Quando eu assisti ao tombo do cantor, me sensibilizei e comecei e me questionar sobre: Quem é essa "força estranha" que derruba plebeus e reis, homens e mulheres, seres humanos e animais, bons e maus, enfim, famosos e anônimos com a mesma justiça (ou injustiça)?
Existem muitas teorias... Alguns chamam de olho gordo, outros dizem que foi macumba que jogaram em você, inveja... Também têm aqueles mais incrédulos e metidos a cientistas que atribuem culpa à lei da gravidade simplesmente...
Eu, Pinguim Gelado, amigo de vocês, já senti várias vezes, nas minhas penas, a influência e resultado dessa “força estranha”.
Exemplos disso? Quando eu estava olhando uma gostosona que passava na rua e não vi que a calçada tinha terminado... Caí de bico no chão e um mendigo quis beijar a ponta da minha asinha achando que eu era o Papa em visita ao Brasil. Quando eu fui pegar o extrato bancário da minha conta-salário e assustei-me, tive uma queda de pressão e fiquei tonto, desabando no meio da agência bancária... Quem vinha prestar socorro pegava o papel olhava e caia na gargalhada... Quando eu fiz a dieta da Luz e tive uma vertigem resultante da hipoglicemia me esborrachando em pleno palco onde eu estava sendo homenageado, num encontro mundial dos praticantes de meditação transcendental e portadores de patologias mentais... O duro foi ouvir os participantes do encontro atribuindo minha queda a uma suposta conspiração entre a CIA e Alienígenas que queriam fazer com que eu batesse a cabeça (como acabou acontecendo) e perdesse a memória para não mais falar e nem escrever o livro bombástico contando tudo o que eu sabia dos planos diabólicos deles para dominarem todo mundo (o que acabou acontecendo também, pois eu não me lembro de nada).
Bom, meus amigos, estou em franca pesquisa sobre os sintomas que antecedem o aparecimento da “força estranha”, suas causas e consequências... Ainda não cheguei a nenhuma conclusão, a não ser a certeza de que o pior não é a queda, mas, isso sim, a pós-queda, onde você tem que dar aquele sorrisinho anêmico, sem graça e dizer que está tudo bem, quando não está nada bem... Sua cara está vermelha, você gostaria de sumir ou de possuir um aparelho como aquele do filme MIB- Homens de Preto, que apagasse a memória imediata das pessoas... Bom, seu eu não conseguir inventar métodos para deter a “força estranha”, eu vou inventar o aparelho... Se a queda é impossível de se evitar, talvez a lembrança dela seja...
Caetano, força! Isso acontece com todos... Claro que eu sou da opinião que pessoas famosas, públicas como nós, cara, não deveriam passar por isso, masss...

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Pinguim escreve certo por linhas tortas?


Estão lendo essa pergunta que dá título à crônica de hoje? No final do “causo” que eu tenho para contar, vocês poderão respondê-la. Tudo começou da seguinte forma:
Certo dia a Princesa voltou de uma visita que tinha ido fazer ao seu pai com uma novidade sobre um amigo dele que era um respeitado grafologista (Técnico que traça o perfil da personalidade de uma pessoa por meio de sua escrita.) nos Estados Unidos, sendo consultor de grandes empresas para contratação de profissionais e chegando até a fazer alguns trabalhos para o FBI, e que depois de muitos anos estava de volta ao Brasil aonde começou a exercer, com a mesma credibilidade e status, sua singular profissão... Eu ouvia desinteressadamente a conversa da Princesa, pois estava rolando um Flamengo x Vasco na TV... Eu só me liguei mesmo quando ela falou que aproveitaria a oportunidade e faria uma consulta para termos nossas escritas examinadas pelo tal cara... Eu logo me levantei num pulo da poltrona onde eu estava aboletado e protestei alegando que eu não iria pagar por essas esquisitices e engodos de um esperto que faturava uma grana preta engabelando otários! Que meu dinheiro não era para ser esbanjado em coisas supérfluas e sem sentido. Além do mais, eu estava juntando um cascalho para comprar o Playstation 3, que era o máximo! Todo mundo que eu conhecia já tinha um e eu estava à margem da inclusão dos games! Sentia-me um “dalit”, um pária da sociedade dos jogadores compulsivos... Comecei a fazer discurso dizendo que mulheres só inventam moda, que ela deveria esquecer aquela bobagem, que até eu seria capaz de traçar um perfil psicológico de uma pessoa lendo os seus garranchos, e disse que já até tinha feito isso uma vez com o meu amigo de longa data, o Chico, quando fomos procurar emprego e eu dei uma avaliada no currículo que ele tinha feito. E eu cheguei à taxativa conclusão que ele era um burro analfabeto! Para reforçar mais meu “parlatório”, eu perguntei se ela não se envergonhava de estar com essas extravagâncias na cabeça sendo que o mundo inteiro passava por uma crise economicopoliticosocial, e ainda por cima com a ameaça de uma gripe suína batendo às nossas portas! E se eu viesse a contrair esse vírus e morresse, ela levaria o cara para “interpretar” os dizeres grafados na minha lápide?
Depois de eu quase ter me depenado e ficado sem voz, a Princesa me disse que eu não necessitaria me preocupar com os gastos, pois nós só precisaríamos escrever um texto e mandar, porque ele não tinha a intenção de cobrar. Faria aquilo “de grátis” pela longa amizade que tinha pela família dela...
Respirei aliviado e comecei a simpatizar com a ideia e achar que não seria ruim, apesar de saber de antemão que o resultado, no meu caso, não seria outro que não fosse um “diagnóstico” mostrando meu vasto QI e todas as grandes qualidades da minha personalidade marcante; entretanto seria bom ter isso tudo afiançado por um profissional de renome...
Partindo dessa premissa, comecei a copiar um texto que a Princesa me trouxe e ela também fez o mesmo... Sabem, ela tem aquele tipo de letra “bonitinha”, redondinha, fofinha, caprichadinha... A minha, apesar de ser um pouco antiestética, emana uma “coisa” forte, pelo menos para mim... eheheh
Depois de tudo pronto, ela colocou os textos em envelopes como os nossos nomes do lado de fora dos mesmos e disse que no dia seguinte entregaria ao grafologista...
Amigos, apesar de ser um porra-louca, eu amo a minha Princesa... E, num gesto de abnegação (coisa rara de acontecer) acabei trocando os manuscritos de envelope, pois eu desejava que os elogios que eu fatalmente iria receber fossem dados a Princesa... Ela merecia esse “sacrifício” de minha parte, pois era a minha companheira de todos os momentos... Quando a hora de dormirmos chegou, eu esperei ela pegar no sono e me levantei na pontinha dos pés e fiz a troca: Coloquei o texto da Princesa no envelope que continha o meu nome e vice versa... Logo pela manhã, depois do café, ela saiu para entregá-los em mãos... O técnico os recebeu e disse a ela que assim que avaliasse ligaria comunicando o dia em que iríamos ouvir o resultado do exame grafológico...
Eu me sentia bem... Sabia que quando a Princesa ouvisse o que o carinha “tecnólogo” dissesse, a auto-estima dela atingiria os píncaros!
Os dias foram passando, e numa tarde eu recebi o telefonema do tal grafologista pedindo se eu poderia ir até o consultório dele, pois ele desejava falar com urgência comigo antes de falar com a Princesa... Pediu que ela fosse junto, mas eu entraria primeiro, depois ele a faria entrar para termos uma conversa os três...
E assim eu fiz... Comentei com a Princesa que o especialista já tinha o resultado e que iríamos imediatamente procura-lo. Eu sorria de canto de “bico”, pois o cara deveria querer me dizer que eu estava do lado de uma pessoa prodigiosa e altamente capacitada...
Quando chegamos ao consultório eu entrei primeiro conforme o pedido do grafologista e fui logo dizendo: “Pois é, senhor fulano de tal, eu sei que o senhor está ansioso para me dizer que a Princesa é a pessoa mais sensacional do mundo, que eu tenho sorte de tê-la ao meu lado, que eu sou uma criatura venturosa, etc. Mas, eu confesso ao senhor, que isso é chover no molhado para mim, pois eu sempre soube disso tudo eheheh”. O homem, com um ar grave, preocupado, disse-me: “Infelizmente, senhor Pinguim, eu não tenho boas notícias... Não sei nem como lhe dizer isso, mas eu não vou fazer rodeios, pois o tempo é precioso nesse caso... Eu fiz uma minuciosa avaliação da grafia da Princesa e procurei opiniões de outros especialistas da minha área, pois fiquei muito preocupado com o resultado... Estamos falando de uma pessoa psicopata em potencial, meu caro Pinguim! Ela, pelo meu exame grafológico, é uma pessoa que tem sérios distúrbios mentais... Uma mente criminosa... Não sei como ela ainda não investiu contra o senhor... Lembra do episódio do Massacre em Colombine? Eu fiz o estudo das letras dos dois meninos, e digo estarrecido: A letra da Princesa é idêntica a dos pequenos tresloucados que fizeram aquela monstruosidade! Eu, e espero que o senhor me perdoe, já entrei em contato com o pai dela, que é meu amigo... Fiz isso para que ele pudesse ficar alerta com relação ao comportamento da Princesa e também para que participe do tratamento...”
Antes que o cara terminasse de falar, eu já estava grudado na jugular dele, esganando-o! Perguntei se ele era louco de falar assim da minha amada e pacata Princesa! Que ele não tinha a capacidade de avaliar ninguém, que ele era um farsante, um charlatão! Comecei a encher a cara dele de bolachas e depois, bradando, rosnando e babando, passei a quebrar toda a sala em que ele atendia. A polícia foi chamada e eu o peguei como refém me recusando a sair da sala... A Princesa chorava do lado de fora, pedia para que eu recuperasse o juízo (mesmo sabendo no fundo do coração que eu nunca tive nenhum)...
Depois de uma longa negociação com as autoridades policiais aonde eu pedi a presença de um juiz, um advogado, do padre Quevedo, do Ronaldo Fenômeno, daquele deputado dono do castelo, da Xuxa (desculpe, mas eu não podia perder essa oportunidade) e minha mãe, eu aceitei me entregar... Sai algemado, gritando “Ela não é louca! Ela não é louca! Ela não é louca e eu acredito em gnomos!”.
Gastei uma grana com advogados que conseguiram livrar a minha cara da acusação de agressão e tentativa de sequestro com agravante de resistência à prisão...
Eles alegaram que eu passava por um momento de grande estresse e levaram laudos de psiquiatras e psicólogos...
E depois disso, eu entrei com um processo contra o tal grafologista por calúnia e difamação contra a minha Princesa... Como ele teve a coragem de chamá-la de psicopata? Fiz a maior propaganda negativa do safado! Dediquei dias infindos com objetivo único de destruir a carreira do paquiderme... Colei várias fotos dele num quarto diabólico pintado de vermelho sangue aonde se podia ler a seguinte frase: “Eu vou pegar você, seu desgraçado que ousou chamar minha Princesa de psicopata em potencial!”.

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Coletivo de pinguins é cortiço?


O que é um cortiço? Se formos procurar pela definição dessa palavra em um dicionário, encontraremos o seguinte: "habitação coletiva das classes mais pobres".
Eu vou contar para vocês a história da minha vinda para a terra brasilis... Uma história verídica e comovente, onde eu, Pinguim Gelado, no sonho de conquistar riqueza e fama, saí da gélida Patagônia e vim tentar a sorte aqui nas eiras tupiniquins...
Logicamente, por ser um Pinguim numa terra de clima predominantemente tropical, eu imaginava que seria recebido como um extraterrestre ou um super star do naipe de Bono Vox ou Madonna. Quem sabe receberia honras de Estado como o presidente americano Barack Obama... Na realidade, por todo meu saber e desenvolvimento espiritual, eu já antegozava os carinhos que eu receberia como se o Brasil estivesse sendo abençoado com a vinda de um grande líder religioso do porte de Sua Santidade Dalai Lama ou o Papa Bento XVI; todavia não foi desse modo que as coisas se desenrolaram: Eu fiz uma viagem cansativa e estressante até aportar nas praias cariocas... Cheguei logo usando de todo o meu carisma e extroversão para ganhar a simpatia e hospitalidade do povo. Tentei manter logo de cara um diálogo com os nativos da localidade... Aproximei-me de uma mulher que usava umas peças que só tapavam mesmo o básico do básico! Ela, quando me viu, deu um grito e disse “Que lindinho! Um Pinguim! Aí que coisinha mais fofa!”. Começou a me abraçar e beijar... Eu pensei: “Sim, obrigado, meu Deus... Realmente eu sou tudo o que essa linda mulher falou, mas eu não esperava tanta receptividade e frenesi na minha chegada!”. Mas, como tudo o que é bom dura pouco, logo veio uma senhora gorda usando óculos fundo de garrafa e um maiô medonho com uma estampa que antes dela entrar nele deveria ter sido o rosto de uma mulher, mas depois que ela o vestiu, parecia com o assassino do filme ‘Pânico’, o "Mr. Ghostface", de tão deformada que ficou a imagem da figura feminina...
Bom, a mulher se disse bióloga e falou para a gata que eu era um Pinguim da espécie blá, blá, blá, blá, e que provavelmente tinha vindo parar naquela praia por causa do blá, blá, blá, blá, porque naquela época do ano era muito comum esse tipo de aparição no litoral brasileiro devido ao aquecimento global blá, blá, blá, blá...
Resumo da ópera: Eu fui arrancado dos braços da minha linda nativa de pouca roupa, carregado por dois marmanjos e colocado num tanque cheio de água... Nada de sardinhas e cervejas, nada de show de samba para Pinguim gringo ver, nada de tapete vermelho e distribuição de autógrafos e pose para fotos com fãs ensandecidos... No máximo colocaram a minha foto na capa do jornal com os dizeres: “Mais um Pinguim aparece nas praias cariocas”.
Chegando ao destino (infeliz) que estava reservado para mim, eu fui examinado, catalogado, fichado, identificado, alimentado com peixes de procedência duvidosa e sabor nauseante... Eu pensei, inocentemente e ainda um pouco iludido, que aquilo fazia parte de algum procedimento e cuidado para proteção dos cariocas por conta da ameaça de pandemia devido a tal gripe suína... Engano meu... Eu estava sendo tratado por aqueles psicopatas desalmados como um reles pinguim que se perdeu e veio parar em um lugar que não me era próprio... Ora, eu me senti insultado! Quis protestar, mas antes que eu manifestasse qualquer pio, eu fui colocado numa espécie de jaula com outros mais! Eram tantos que eu fiquei estupefato! Eu pensei: Nossa Senhora dos Pinguins enjaulados, o que é isso? Desativaram o Carandiru paulista e abriram uma franquia do presídio aqui na cidade do Rio de Janeiro, franquia esta destinada aos pinguins de todas as espécies e de todas as procedências?!
Subiu-me uma revolta e eu, me alçando numa pedra, pedi a atenção daquela massa de smoking: "O que vocês estão fazendo aqui?! Era para eu ser tratado como uma raridade, uma novidade, um rei! Agora eu estou nesse cortiço de Pinguins, nessa favela! O que deu na cabeça oca de vocês para se meterem a escolher o Rio de Janeiro como “point”? Vocês não têm amor à pátria de vocês, não? A Patagônia, a Antártica e outros lugares estão desprotegidos, à mercê de qualquer povo aventureiro, principalmente nossos inimigos, predadores naturais, que desejam dominar nossos lares! Vocês não são filhos da pátria, não? Eu tenho vergonha de vocês, eu tenho nojo de olhar no bico de criaturas tão mesquinhas e ambiciosas! Bem feito para vocês! Com a avidez de conseguirem encontrar o “Paraíso prometido”, vocês se “Fú”... Estão numa verdadeira, eu não diria cabeça de porco, como falam os cariocas, mas numa autêntica cabeça de Pinguim! Os ecologistas dizem que os pinguins estão sendo extintos, estão desaparecendo por causa do desequilíbrio ecológico. Mal sabem eles que vocês estão se mandando de seus habitats, não por causa das intempéries climáticas, mas por causa das bundas das brasileiras e, principalmente, das cariocas... Tem mais pinguins por metro quadrado aqui no Rio do que na própria Patagônia! Seus safados!"
Antes que eu terminasse meu eloquente discurso fui agarrado por um pinguim grandalhão que me pegando pelo pescoço perguntou: "E você, mané? O que está fazendo aqui?" Eu pensei em dizer que tinha vindo visitar uma tia avó que morava por aqui, mas nem deu tempo... Levei um piau que me deixou todo quebrado...
Depois desse sufoco todo, fomos devidamente deportados para a Patagônia... O sonho de conquistar o Brasil ficou adiado, mas não esquecido... Como disse Scarlett O’hara no Filme “E o vento Levou”: "Com Deus como testemunha, eu nunca mais vou passar fome na vida"...
Eu sei que é exagerado, mas eu gosto de um dramalhão e saídas ( no caso desovas, né?) carregadas de emoção... E para a gostosa nativa que me recepcionou tão euforicamente eu só tenho a dizer o seguinte: "Hasta la vista baby!!!"

http://www.sissinossasmidis.com/Rock/ParalamasdoSucesso/melo_do_marinheiro.mid

And the Oscar goes to: Pinguim Gelado!


Amigos, eu sou um artista de notória capacidade criativa e interpretativa... As minhas atuações são imbuídas de toda emoção e verdade que eu consiga dar ao texto. Eu, conforme o jargão, "visto o personagem", encarno o papel que me foi designado com tanta paixão que o convite para atuar fora do território nacional foi algo certo e inevitável...
Primeiro eu fiz alguns filmes latinos, depois a Europa se rendeu ao meu inegável talento cênico, pra logo em seguida Hollywood se interessar em ter em seu casting essa ave que tem uma presença marcante, carismática, além de uma inteligência invulgar que me permitem arriscar com tranquilidade em trabalhos como roteirista e diretor de cinema e teatro...
Por tantos méritos e qualidades artísticas, eu ganhei Kikito, Urso de Ouro, Globo de Ouro, Leão de Ouro, Palma de Ouro, e o tão almejado Oscar pela minha radiante atuação no filme em que eu fazia um vendedor de perucas cego que tinha o dom de escolher a peruca certa pela voz do cliente...
Uma interpretação que, segundo a revista Time "... mesclava a ternura de uma criatura que, por si só, já tem uma aura cativante, com a postura corporal e locomotora de um deficiente visual, trasportando-nos à realidade do personagem com cuidado e sensibilidade..." Nada entendi da crítica, mas somente sei que pelo meu colossal desempenho eu consegui faturar a famosa e desejada estatueta que agora está sendo usada como segurador de porta na minha casa... O que me importa é os milhões que eu tenho na minha rechonchuda conta bancária...
Entre uma gravação e outra de um filme de sucesso, eu abri uma brecha em minha apertada agenda para a cerimônia a qual fui convidado, em que eu deixaria a marca dos meus veneráveis pés pinguinlescos na calçada da fama hollywoodyana...
Cheguei num estilo esportivo despojado milionário... Óculos escuros da Oakley, calça Diesel, camisa Dolce Gabbana, e para dar uma força à terrinha, sandálias Havaianas... Desci de uma limusine daquelas que para você conversar com a pessoa que está sentada no banco de frente para você, só através de e-mail ou celular... Bebi champanhe francesa e comi caviar com torradas italianas no local que me servia de "camarim" até ser chamado ao grande momento aonde, com a ajuda da força da gravidade, eu deixaria impressas as plantas dos meus pés...
Alguns astros morreram de forma trágica, assassinados, agredidos, perseguidos por maníacos que se diziam fãs... John Lennon é um exemplo que ficou marcado na história...
Eu, celebridade mundialmente conhecida, também tinha medo das investidas desse tipo de louco... Naquelas semanas que antecederam a tal homenagem, tinha recebido vários telefonemas, e-mails e cartas anônimas de um cara que dizia que iria acabar com a minha raça, pois a namorada dele era apaixonada, fascinada e hipnotizada por essa minha figura magnética...
No começo eu fiquei até preocupado, mas, depois de comunicar as ameaças às autoridades responsáveis e contratar mais seguranças, eu estava mais tranquilo... A última mensagem dele dizia que o ataque vingativo se daria brevemente e que nada me protegeria da fúria de um corno, e por conta disso eu estava mais cercado de seguranças do que Whitney Houston no filme "O Guarda-Costas"... Eu só queria que o Kevin Costner desse lugar para a minha Princesa-Guerreira...
Enfim o momento é chegado... Todos a minha volta, fãs, policiais, paparazzos, flashs, seguranças e a minha Princesa... Quando eu coloquei meus pés na massa preparada para servir de fôrma, eu estranhei que tinha afundado mais do que o normal... Fiquei mais baixo que o Nelson Ned... A massa endureceu instantaneamente... Eu queria tirar meus pés, mas não tinha jeito! Estavam chumbados no cimento... A coisa ficou complicada... Eu comecei a entrar em desespero... Conheço pessoas que têm fobia de elevador, de lugares altos, de entrar no mar, mas eu tenho verdadeiro pavor de ficar preso com pessoas à minha volta... Eu comecei a arrancar minhas penas, dar chilique, piti... Eu pedia socorro, me debatia feito um peru a frente do seu trágico fim, na véspera do Natal... O público ria com a minha performance digna de um filme como a "Hora do pesadelo", pois eu sentia que "Freddy krueger" estava segurando meus pés, pronto para dar o golpe de misericórdia... No meio daquela balburdia e confusão, um homem com cara de poucos amigos trajando um macacão sujo de cimento, conseguiu furar o cerco dos seguranças e me disse, olhando bem para a minha cara: "Eu não disse que pegava você, Pinguim de merda?!" E virou as costas dando uma risada diabólica...
Para completar o quadro, começou a desabar uma chuva torrencial... Meus queridos amigos, não houve roupa de grife que conseguisse me manter na pose... Eu estava num estado lastimável, prato cheio para os fotógrafos sedentos por um vexame e furo de celebridades... Eu chorava feito criança, pedia a minha mãe...
Depois de muito trabalho, os bombeiros conseguiram me tirar daquela situação humilhante... Saí em pandarecos, arruinado, com minhas penas totalmente ensopadas...
Na manhã seguinte, em todos os jornais, estavam estampadas as minhas fotos e os seguintes dizeres: "O Grande astro Pinguim Ice, num lance sensacional de marketing dá nova forma ao modelo calçada da fama... Agora, nessa nova proposta, serão bonecos de cera enfiados até as canelas no cimento... Uma ideia de vanguarda..."
Eu, estupefato, liguei para o meu agente e disse: "Puta merda! Essa gente acredita em cada besteira, Bill! Eu estava tomando na cabeça e eles agora estão achando que eu estava fazendo cena... Eu adoro esse mundo!"

http://www.midiportalmusic.com/midis/RockNacional/E/Engenheiros_Do_Hawaii_-_Seguranca.mid

Pinguim Ghost: O encosto carrapato


Vocês já ouviram falar da experiência quase morte (EQM)?
"... Uma das mais notáveis observações nestas experiências tem sido de que aqueles que as vivenciaram quase invariavelmente acreditam que tiveram um lampejo da vida após a morte, e estão convencidos de que sobreviverão à morte quando esta enfim vier."
Meus amigos, eu estou trazendo esse assunto à baila por causa de um episódio muito "cabuloso" que aconteceu comigo e que eu tenho certeza que tem a ver com uma experiência quase morte! Eu vou relatar a vocês tudo o que eu vivi e passei enquanto estava experimentando as sensações de um quase desencarne, ok? Vamos ao relato:
Eu tinha marcado um joguinho, uma feijoada regada a muita cerveja e caipirinha com amigos, mas para conseguir chegar até o meu El Dourado, eu precisava engabelar a Princesa. Ela tinha marcado comigo para assistirmos pela quinquagésima terceira vez o filme "GHOST"... Caros colegas, eu até gosto do filme, mas eu não aguento mais vê-lo reprisado na sessão da tarde...
Eu, com minha sagacidade que me é peculiar, disse a ela que estava me sentindo mal... Ficaria deitado e não gostaria de ser incomodado e que, com imenso pesar e dor no coração, eu não poderia assistir o sensacional filme com a linda história de amor além da vida, do casal Sam e Molly, e fora que eu perderia a atuação hilária da Whoopi Goldberg fazendo o papel da médium charlatã Oda Mae Brown...
Fiz cara de desolado e subi até o meu quarto. Tranquei a porta e me preparei para a tarde de diversão com a rapaziada... Quando já estava tudo esquematizado, eu coloquei uns travesseiros para parecer que eu estava deitado em minha cama e abri a janela para a minha escapada cinematográfica...
Quando eu coloquei meu pé no parapeito, eu não tinha reparado que havia um monte de excrementos de pombo. Eu derrapei naquele "merdelê" e caí batendo com a minha cabeça oca em uma pedra que ficava no jardim para onde dava a janela do meu quarto...
Com a forte pancada, eu senti a minha cabeça como se tivesse sido atingida por um tiro... A dor era alucinante... Eu fui apagando, perdendo minha consciência... No momento em que isso acontecia, eu me vi saindo do meu corpo e a dor foi anestesiando-se como que por milagre, e eu me senti flutuando e indo em direção a um túnel ... Quando eu compreendi o que estava acontecendo, eu me recusei a prosseguir com aquele momento "Knockin’ on Heaven’s Door" a la Bob Dylan...
Nada de Batendo na Porta do Paraíso (pelo menos não agora!) Eu me concentrei para voltar ao meu corpo... Quando eu olhei para o centro do túnel vi pessoas vestidas com túnicas muito alvas e que irradiavam uma espécie de Luz dos seus semblantes complacentes... Eles me chamavam pelo nome e diziam que estavam me esperando e que era para eu me apressar, pois o "portal" se fecharia logo... Eu disse: "Nananinanão! Eu sou muito novo para morrer, tenho muita coisa pra fazer por aqui... Eu quero ficar e estou atrasado pro meu "programinha" com a galera! Além do mais, eu não quero deixar a minha Princesa sozinha nesse mundo, pois eu a amo apesar de todos os meus vacilos e trapalhadas... Eu não vou deixar aquela lindeza viúva e dando sopa por aí... Nem pensar! Nada feito, senhores fantasminhas! Eu sou o Carvalho da minha Dríade! Sem mim ela vai padecer, vai se acabar de tristeza!"
Me agarrei a esse plano físico com todas as minhas forças, o "portal" se fechou e aquelas entidades se foram... Eu cai no gramado do Jardim... Olhei meu corpo, quis levantá-lo, quis me "incorporar" nele, mas nada acontecia...
Estava pensando em como resolver aquele imbróglio quando ouvi um grito aterrorizante que me fez eriçar as penas! Era a Princesa que tinha escutado o barulho estranho no jardim e foi conferir o que estava acontecendo... Ela se deparou com o meu corpo inerte e já sem vida.
Após o susto e dor descomensurável que a Princesa sentiu com a minha partida para o além, as decisões cabíveis tinham que ser tomadas... Remoção do corpo, o comunicado à imprensa do meu falecimento, o desfile no carro do corpo de bombeiros, o velório no salão da Câmara Municipal da cidade onde eu residia... A grande comoção dos populares, a fila imensa para dar o último "adeus" a essa ave tão querida e apaixonante, foi comovente! Vocês devem estar pensando que nem morto eu deixo de ser soberbo, megalomaníaco e delirante, né? Pois é, a morte não me deu uma "repaginada" como alguns poderiam acreditar... Ok! Exagerei um pouco... No máximo quem compareceu foram uns pouquíssimos amigos e uma quantidade imensa de credores querendo saber da Princesa quem assumiria as dívidas que eu deixara como única herança... Continuei sendo o mesmo Pinguim de antes, sendo que agora eu não era mais Pinguim Gelado, e sim Pinguim "Sam", e o mais importante pra mim era entrar em contato com a Princesa "Molly"... Precisava pedir desculpas pelo tanto que eu aprontei com ela, pelas tantas vezes que a fiz chorar e se preocupar com as minhas atitudes egoístas e inconsequentes... Eu tinha que tirar esse peso da Alma para conseguir ter a tão sonhada paz de espírito...
Mentira! Eu não estava era a fim de deixar a minha mulher dando sopa no mundo físico enquanto eu tocava harpa em nuvens! Eu ficaria por perto para tomar conta do que era meu, ou, pelo menos, eu acreditava que ainda fosse... Sabia que com a notícia do meu desencarne, muitos pretendentes iriam começar a acorrer, ciscar em volta da minha amada! Esses pensamentos me consumiam, pois nunca neguei o meu ciúme possessivo! Eu queria entrar em comunicação com a Princesa Molly e convencê-la a entrar para um convento e lá ficar até o final da sua existência, se guardando linda e pura para o nosso reencontro no plano espiritual...
Bom, vocês devem estar se perguntando o seguinte: Se eu sou, como no filme "Ghost," o personagem Sam e a Princesa a personagem Molly, quem seria Oda Mae Brown? Quem seria a nossa Whoopi Goldberg tupiniquim? Resposta óbvia, meus amigos: Dona Jurema! A minha faxineira que também era médium de incorporação num centro de candomblé do subúrbio!
Ela seria minha ponte, meu atabaque que eu faria rufar pra fazer chegar a mensagem até a MINHA mulher!
Eu pensava: “Quando a Princesa souber que eu sobrevivi à morte e estou tentando me comunicar, vai dar pulos de alegria! Ela vai me abraçar e dizer que estava morrendo de saudade... E eu vou aproveitar a deixa para propor-lhe a reclusão num convento (eheheh)... Não vejo a hora de incorporar na dona Jurema Mae Brown!”
Esperava ansiosamente a vinda da faxineira... Assim que ela chegou para mais um dia de trabalho eu descobri uma coisa que eu não gostei: Nós, espíritos, temos a capacidade de “escutar” o pensamento dos encarnados... Assustei-me quando “ouvi” dona Jurema dizer: “Sabe, Deus que me perdoe, mas agora que aquele pinguim bagunceiro e porco não está por aqui, o trabalho ficou bem mais fácil e rende muito mais...”. Eu fiquei boquiaberto com aquilo... Apesar de já saber das críticas que ela fazia à minha maneira nada higiênica de proceder, foi duro ser surpreendido com aquele desrespeito a minha venerável memória... Bom, mas o plano deveria seguir seu curso... Aproximei-me de dona Jurema Mae Brown mas como eu era um encostinho estagiário, eu não sabia bem como agir... Fiquei procurando a “porta” pela qual eu conseguiria ter acesso aos instrumentos físicos que me facilitariam a tarefa... Enquanto eu vasculhava, a senhora, sensitiva que era, se viu tomada por um arrepio que foi da cabeça até o dedão do pé... Ela logo gritou: "Desconjuro! Sai de mim! Tá amarrado, seu egum! Vai buscar a Luz!”. Eu me assustei com aquela manifestação toda! Eu comecei a gritar: “Cala a boca dona Jurema Mae Brown! A senhora não está me reconhecendo? Sou eu, o Pinguim Sam! Não grita assim, porque daqui a pouco não vou ser eu que vou baixar aqui, mas a polícia!”. Ela escutou a minha voz e disse: “É o senhor, seu Pinguim Sam? O senhor está de volta? Conseguiu arrombar as trancas do portão do Inferno? O senhor é malandro, mesmo!”. Eu dei um grito com ela quando ela disse que eu consegui fugir dos sítios infernais... Fiquei furioso com a ofensa... Ela se assustou mais ainda... Correu a procura da Princesa Molly que se encontrava no seu quarto... Era dona Jurema Mae Brown correndo na frente e eu atrás cuspindo marimbondos... Ela invadiu os aposentos da Princesa Molly gritando: "Ele está aqui! O encosto está aqui! O egum trevoso do senhor Pinguim Sam está me atormentando e assombrando, dona Princesa!” A Princesa Molly quando ouviu isso, subiu em cima da sua cama, e a dona Jurema Mae Brown deu um pulo olímpico que a fez subir na cama junto com a Princesa Molly... As duas se abraçaram e começaram a gritar apavoradas! A Princesa passou a mão num crucifixo que ficava na parede acima da sua cama e começou a bancar a exorcista... "Sai Espírito das trevas! Deixa essa casa, aqui não tem mais nada pra você, Pinguim Sam... Vai buscar a paz para o seu espírito, pois você saiu para farrear e perdeu o lugar!” Eu não podia acreditar naquela quizumba toda! Eu pensava: “Mas no filme não acontece desse jeito... O que deu errado? Agora que eu morri não sou mais a alma gêmea dela? Virei assombração, encosto indesejável?”
De repente eu me senti sendo puxado por um imã numa velocidade estonteante... Quando me dei conta, eu estava no jardim do castelo caído na grama e com uma baita dor de cabeça... A minha volta estavam a Princesa e a dona Jurema ... Eu me levantei meio tonto... Inventei para a Princesa que provavelmente tivera uma crise sonambúlica e cai da janela... Já dentro do castelo e recuperado do pancada e desmaio, a Princesa mais tranquila me convidou para assistir ao filme “Ghost” uma vez que eu já estava melhor... Eu me recusei veementemente... Liguei para a locadora e pedi o filme “O Céu pode esperar”...

http://www.umnovoencontromusical.com/filmes/TheRighteousBrothers-UnchainedMelody-UNEM.mid

Pinguim: Instrumento de tortura


"Carma ou karma (do sânscrito, transl. Karmam, e em pali, Kamma, ação)."
Na visão espírita cada ser humano é um espírito imortal encarnado que herda as consequências boas ou más de suas encarnações anteriores. Embora Allan Kardec não tenha usado em momento algum a palavra "karma" ou qualquer de suas variações, esta veio a ser mais tarde incorporada ao jargão espírita por alguns espíritas para designar o nível de evolução espiritual de cada indivíduo, ao qual se devem as circunstâncias favoráveis ou desfavoráveis que venha a encontrar. No entanto, para explicar isto o espiritismo apresenta um conceito mais abrangente: a lei de causa e efeito. Enquanto que normalmente o conceito de karma sugere uma dívida a ser resgatada, a lei de causa e efeito nos apresenta a ideia de que o futuro depende das ações e decisões do presente. Uma causa positiva gera um efeito positivo, enquanto que uma causa negativa gera um efeito igualmente negativo."

A Princesa recebeu um folder com os seguintes dizeres: "Faço terapia de regressão às vidas passadas. Venha descobrir quem você foi, curar problemas psicológicos, fobias e traumas. Descobrir tudo sobre o seu passado e se aquela pessoa que está do seu lado é a sua verdadeira Alma Gêmea."
Ela voltou com aquela propaganda para seu castelo e buscou o Pinguim para perguntar o que ele achava da ideia dela fazer uma sessão com o tal Mestre Pinguikoo... Ela procurou por todos os cantos e não o encontrou, leu e releu o folder e ficou pensando na tentadora possibilidade de saber se ela tinha sido sempre Princesa, ou se tivera uma vivência como camponesa... Se ela teria sido uma rainha do Egito ou uma grande sacerdotisa numa cidade como Atlântida. Essas inquirições ficaram consumindo a mente excitada da nobre mulher... Já não aguentando mais de curiosidade ela se despencou em direção ao endereço do consultório que constava no anúncio... Lá chegando, ela conversou com a secretária do mestre e terapeuta Pinguikoo para tomar mais informações... Satisfeita com o que ouvia, pois a atendente dizia maravilhas sobre o "currículo" do especialista em regressões às vidas passadas, ela se decidiu por fazer uma sessão-teste com ele. Pagou a quantia salgada, mas fez isso sem peso na consciência, pois tudo o que ela desejava saber era se ela tinha encontrado no Pinguim a sua cara metade, sua alma gêmea pra toda a eternidade... Ela divagava se o seu amado Pinguim teria sido um rei e ela uma rainha, se ele teria sido um grande guerreiro e ela uma valente amazona, se ele teria sido um padre e ela uma freira que se apaixonaram perdidamente... Ela pensava: "Bem que o Pinguim poderia estar agora comigo, pois nós dois juntos teríamos essa experiência única de visitarmos nossas vidas precedentes..."
No meio desses pensamentos, ela foi trazida à realidade pela voz da atendente lhe informando que o mestre Pinguikoo a estava aguardando... Ela se levantou e se dirigiu a sala do Mestre... O cheiro de incenso era forte. Num canto da sala, numa poltrona, estava sentado o senhor Pinguikoo... O ambiente estava mergulhado numa penumbra... Algumas poucas velas com lumes bruxuleantes iluminavam a sala dando uma atmosfera de mistério... Quase que de frente para o mestre estava posicionado uma espécie de divã... Quando o Senhor Pinguikoo se levantou para cumprimentar a linda mulher que acabara de entrar, ele reconheceu de imediato que se tratava da Princesa!!
É exatamente isso, meus amigos, o Grande Mestre em tratamentos através de terapia regressionista nada mais era do que Eu, o Pinguim Gelado! Puta merda! Como eu iria me livrar daquela situação? A minha sorte era que eu estava bem caracterizado de indiano e ela não me reconheceu... E olha que a minha secretária disse que eu parecia um carro alegórico... Graças a Deus eu não liguei pro comentário desairoso dela, "banquei" a minha fantasia e agora era ela que estava me safando de levar uns safanões, pois a Princesa não me apoia nesses meus projetos que ela intitula "vigarices".
Percebendo que não tinha escapatória, eu resolvi levar a encenação até o fim... Eu iria sugestioná-la, diria que ela não podia ver, mas que eu, sim, estava conseguindo vislumbrar o passado dela... Inventaria um monte de abobrinhas, como fazia com os outros consulentes... Eu guiava a "regressão" fazendo uma espécie de hipnose de araque...
Assim que eu dei as ordens ela começou a relaxar ao som de uma "midi" new age sem vergonha composta por mim mesmo... (Ah, o CD já está nas piores lojas do ramo, ok? Desculpem o jabá)... Ela começou a respirar profundamente e se concentrar ao som da minha sexy voz de taquara rachada... Quando eu estava pronto pra começar o engodo, a Princesa me disse: Estou entrando num túnel de Luz... Eu pensei: "Será que ela já viu esse filme? Putz! Ela está adiantando tudo"... Mal sabia eu que ela estava de fato tendo uma regressão...
Bestificado com a situação, sem saber o que fazer, sentei em minha poltrona e deixei a merda acontecer, pois não sabia chongas de regressão, só fazia aquilo para conseguir faturar uma graninha em cima dos otários... Se tivesse existido o tanto de Reis e Rainhas que eu inventava para cada consulente que entrava na minha sala, o mundo seria um grande palácio cheio de nobres e nenhum criado...
As horas se passavam e a Princesa não dizia nada, e também não retornava daquela espécie de transe... Eu comecei a ficar nervoso... Não sabia como trazê-la de volta... Andava de um lado para outro, suava em bicas... Arranquei minha fantasia indiana e comecei a chorar achando que tinha perdido minha amada para o famoso Túnel de Luz... Eu me deitei no chão, com a ideia de entrar em transe e ir buscá-la, mas nada acontecia, pois eu não tinha tranquilidade para conseguir me desprender do meu corpo físico e segui-la. Além do mais, como eu a seguiria, uma vez que ela não tinha deixado o endereço da vida passada que ela estava visitando e nem tinha levado o celular? Eu comecei a entrar em pânico...
Quando estava prestes a tomar uma atitude drástica sacudindo-a pelos ombros e dando-lhe umas bofetadas, eis que a minha Princesa volta a si e abrindo os olhos me vê com a cara aparvalhada e assustada, ainda com algumas peças da roupa do Mestre Pinguikoo... Eu a abracei aliviado, mas ela me empurrou e me acertou de imediato um "porrolho"... Eu, não entendendo nada, perguntei o porquê do soco que ela tinha desferido no meu olho, e ela, me pegando pelas penas disse que tinha muita porrada ainda por vir, pois ela visitou pelo menos umas quatro vidas e descobriu que eu sempre fui essa ave trapalhona e sem vergonha, e que eu não era sua alma gêmea, mas sim um "Instrumento de Tortura", pois ela tinha feito coisas terríveis, e Deus me colocou no caminho dela para que purgasse os seus pecados... E isso já durava várias vidas... Antes de sairmos do consultório ela disse que precisava passar numa sapataria, pois queria comprar mais tamancos, pois eu é que iria, dessa vez, ser regredido à uma massa de penas disforme... Resumindo: Os mestres tamancos é que coordenariam a minha regressão (agressão).

http://www.sissinossasmidis.com/RaulSeixas/Eu_Nasci_Ha_10_Mil_Anos_Atras.mid

Homenagem ao Dia do Índio


Eu a Princesa estávamos viajando de avião... Iríamos fazer uma viagem para espairecer, pois estávamos com problemas sérios na Editora Pinguim Gelado... Devíamos um empréstimo que foi feito para viabilizar a impressão de um livro meu que eu achei que seria um “boom” , um sucesso literário que me alçaria à plêiade dos mais brilhantes e vendáveis escritores, mas não foi bem isso que aconteceu...
A crítica caiu de pau, a brochura ficou “broxa” nas prateleiras... Estávamos pensando em passar uns dias num hotel em plena Amazônia...
No meio da viagem o avião começou a apresentar problemas... O piloto, pálido, nos avisou que teríamos que fazer um pouso de emergência, pois estava impossível de prosseguir com a viagem até a pista que a princípio estava reservada para a nossa aterrissagem... Ele começou a procurar uma clareira no meio da floresta para descer com a aeronave... Eu me agarrei à Princesa e comecei a gritar, a me desesperar, a dar um espetáculo de descontrole e pânico... A Princesa me deu um safanão e me disse que se era pra gente morrer, que eu mantivesse uma certa dignidade e não agisse feito uma galinha que tivesse acabado de colocar um ovo. Disse também que eu estava tirando a atenção do piloto com todo aquele chilique... Eu retruquei: "E quem lembra de conselho de livro de auto ajuda e auto controle, sua doida, com a morte mordendo o meu rabinho? Eu quero é soltar a franga mesmo! Só não boto um ovo, porque sou uma ave macho!" A Princesa sacudiu a cabeça como que desolada e deu um golpe de karatê que me fez apagar, pois na mente dela, se a morte era inevitável, já uma ave escandalosa, era dispensável...
Depois de procurar por alguns minutos, o piloto encontrou o local aonde ele arriscaria o pouso perigoso... Fez o comunicado de que estava se preparando para a descida e assim procedeu...
Após muitas barruadas e saculejadas o avião desceu razoavelmente bem... Eu acordei pensando que já me encontrava em outro plano, mas a Princesa me disse que o único plano seria a gente conseguir entrar em contato com alguém e sair dali... Pediu-me o celular, mas eu disse a ela que tinha deixado em casa, pois não queria os credores nos incomodando... Levei outra trauletada...
A noite já se aproximava, e como não tínhamos noção de onde estávamos, resolvemos sair caminhando por entre a vegetação… Estávamos com fome e sedentos... Com a escuridão, acabamos nos perdendo do piloto, que se afastou um pouco de nós, pois não aguentava ouvir a minha discussão com a Princesa...
Estávamos andando completamente desnorteados quando eu senti uma coisa me espetando na bunda... Olhei para trás e me deparei com um monte de índios com arcos, flechas e lanças, fazendo caras de poucos amigos... Eu berrei e a Princesa se assustou se deparando com a tribo... Fomos levados para a aldeia... Amarraram-nos e assim passamos a noite...
Logo pela manhã fomos levados pelos guerreiros à presença do cacique... Ele começou a avaliar o material, pois, pelo que pude perceber, eles tinham a intenção de devorar-nos... Quando me caiu a ficha que iríamos virar banquete tupiniquim, eu tentei manter um diálogo com o poderoso chefão: “Seu Cacique, olha, o Senhor está cometendo um grave erro em cobiçar essas minhas carnes! Eu não sou gostoso, não! Eu nem tenho carne! Eu vou dar uma dor de barriga em vocês! Perigo eu dizimar a tribo! Eu tenho gripe aviária! Eu estou com cólera! Eu tenho trabalho de bruxaria em cima!" Eu virei para o pajé, numa tentativa desesperada de salvar minhas penas e disse que tinha sofrido pajelança e não poderia ser comido pois eu tinha o meu corpo fechado... Nada colava...
Quando vi que o fim era inevitável, eu sugeri que eles comessem a Princesa primeiro, pois ela estava 5 quilos acima do peso, com isso eu tinha a esperança que eles se saciassem com ela e me deixassem viver mais tempo...
Entretanto, antes de concluir meu plano brilhante, eu senti que meus intestinos foram parar no meu esôfago com o chute no rabo que a Princesa furiosa desferiu contra essa ave que vos digita... Chamou-me de traira, covarde, safado e sem vergonha! Queria saber como eu tinha coragem de propor algo parecido... A porrada comeu...
Quando nos demos por conta, os índios da tribo estavam se esborrachando de rir de nós dois... Davam altas gargalhadas... O pajé cochichou algo no ouvido do cacique que mandou um de seus guerreiros nos soltar... Mandou chamar alguém que estava dentro da oca... Quando vimos era um homem branco... O cacique lhe falou algo, e ele repassou para nós dois: "O senhor cacique Pintopapaya gostou muito de vocês dois, e não vai mais comê-los, pois a carne de vocês dois é podre, visto que já vivem se dando porrada, e isso altera o sabor da carne, mas ele quer que vocês permaneçam na aldeia, pois são engraçados."
Eu, que não suporto uma crítica, retruquei com o tradutor que o cacique não poderia me chamar de carne podre, que agora eu fazia questão que ele provasse a mim e minha Princesa, pois nós tínhamos estirpe, pedigree, e ele não podia nos julgar assim...
A Princesa me deu outro chute e disse: “Cala e seu bico grande, seu retardado, pois quem vai lhe comer sou eu, e vai ser na porrada!” Eu me calei aos sons estridentes das gargalhadas dos nativos que se deleitavam a cada porrada que o Pinguim levava da Princesa...
Fomos convocados para as festividades da tribo como convidados de honra... Enquanto a Princesa se arrumava com colares e pintava o seu corpo com urucum, eu me ferrava carregando uns troncos medonhos, correndo no meio da floresta, levando picaduras de mosquitos, nadando num rio em que todos faziam suas necessidades básicas... Enfim, são nessas situações em que eu me arrependo de ter nascido macho...
O tempo foi passando e eu e a Princesa já estávamos integrados na vida da tribo, quando ouvimos um homem gritando: “Senhor Pinguim Gelado! Senhor Pinguim!” Eu me espantei com aquela aparição que veio do nada... Eu pensei: É a ajuda para nos tirar daqui do meio dessa floresta! Eu corri em direção ao homem, o abracei chorando... Disse que ele tinha salvado a minha vida, que eu não aguentava mais aquela natureba toda... Que ele era um santo homem e que eu ficaria devendo a ele pelo resto da minha vida. Ao que ele retrucou: "Devendo o senhor está, mas não a mim, e sim ao banco que represento... Estamos aqui para tentar negociar a dívida que o senhor tem conosco... "Mandei-lhe uma bifa no meio da cara, corri para pegar um arco e flecha e incitei os guerreiros da tribo a lutarem comigo contra os demônios de gravata que vieram do céu num pássaro de metal para destruir a aldeia... A gente colocou aquele almofadinha pra correr, e eu descobri que tenho uma pontaria certeira, pois flechei a bunda do camarada em cheio... Conta? Nunca mais! Porque todo dia, agora, é dia de Índio! Ops! Pinguim e Princesa Índios!

http://www.sissinossasmidis.com/Nacionais/BabyDoBrasil/Todo_Dia_Era_Dia_de_Indio.mid

Música e as "preferências"


Têm pessoas que adoram trabalhar em grupo, interagir com os colegas de setor... Sentem-se felizes e integrados... Estão sempre tentando reunir o grupo com festas para os aniversariantes do mês, amigo oculto, encontros para churrascadas, etc... Outros, e nesse grupo eu me incluo, não gostam de ter pessoas a sua volta, preferindo trabalhos onde possam ficar mais concentrados, sem ter um sujeito ao lado querendo puxar assunto... Trabalhar com mulheres é pior ainda, pois elas tendem a achar que se não estamos a fim de conversa, é algo pessoal... Que você não foi com a cara delas. Elas começam a se sentirem na obrigação de descobrir aonde erraram, o que foi que fizeram ou disseram que gerasse aquele “clima” de sossego e silêncio... Enfim, mulheres não suportam o silêncio... Ficam aflitas... Entram em parafusos... Eu sou da filosofia de que “o inferno são os outros” como bem disse Jean-Paul-Sartre... Eles é que detonam a paz do ambiente de labuta...
Muitos de vocês já sabem que eu sou dono de uma pequena Editora, a “Pinguim Gelado”, e divido o espaço físico e a elaboração dos textos e feitura do blog com a minha namorada e co-autora, a Princesa... No nosso trabalho existe o estresse normal, principalmente porque além de sermos colegas no ambiente em que batalhamos pelo pão, somos namorados fora da Editora... Separamos bem uma coisa da outra... Dentro da Editora tem que rolar o total profissionalismo. E, na medida do possível, temos conseguido esse feito... Só um dia é que a coisa ficou tensa entre nós. Vou contar esse episódio para vocês agora:
A Princesa é uma grande apreciadora de músicas, e tem um gosto bem eclético... Ela sempre foi colecionadora de Cds de vários cantores... Sempre estava adquirindo uma coletânea, um “perfil” de tal ou tal cantor ou banda... Até aí tudo certo, pois ela tem um gosto musical bem refinado e parecido com o meu, sendo assim, temos muita afinidade nesse sentido... Num dia rotineiro, meus amigos, eu tinha chegado para mais um período de trabalho na Editora... Já havia iniciado os trabalhos e esperava a Princesa para contar com a eficiente colaboração dela... Ela chegou sorridente, me deu um beijo e desejou-me bom dia, e começamos a pôr mãos à obra... Enquanto eu digitava no meu computador, ouvia a Princesa cantarolando “Gosto muito de ter ver, leãozinho/ Caminhando sob o sol, leãozinho”... Eu dei um sorrisinho sem graça e perguntei o porquê dela ter desencavado aquela canção... Ela me disse que tinha comprado um Box com toda a discografia do Caetano Veloso... Eu retruquei que era grande fã da obra do baiano, mas, eu confessei (e acho que esse foi meu grande erro) que não suportava aquela música... Das várias composições dele, eu não conseguia engolir aquele “leãozinho”... Achava a coisa mais idiota do mundo... Que não gostava da melodia e muito menos da letra... Ela, que dá um boi pra entrar numa briga com este Pinguim que vos digita, deu-me uma cambada de “leõezinhos” para me azucrinar... E assim ela fez: De 10 em 10 minutos lá vinha a bendita música: “Gosto muito de ter ver, leãozinho/ Caminhando sob o sol, leãozinho”... Eu respirava fundo... Repetia pra mim mesmo que aquilo era uma provocação, que ela estava tentando me desestabilizar, querendo me ver explodir para dizer que eu não respeitava nem mais o sacrossanto ambiente de trabalho, que agora estava dando meus “tremeliques”, meus ataques de galinha d’ angola de geladeira Frost Free num lugar que deveria ser neutro, acima de qualquer desavença entre nós dois e que ela só estava cantando uma música inocente e muito famosa... Que se eu não tinha capacidade de apreciar uma boa música, então que eu me calasse e deixasse-a, mulher sofisticada e representante da classe nobre, me ensinar o que é “sensibilidade auditiva”... Eu já conhecia aquele discurso persuasivo e defendido com ardor que ela sempre proferia e que tinha por intuito me deixa por baixo da carne seca...
Eu já estava ficando tonto, a raiva me consumindo, pensava em cortar a língua da Princesa para que ela não conseguisse cantar nem “atirei o pau no gato”. Foi quando eu, Pinguim astuto e sagaz, pensei: Com a Princesa só funciona a lei de talião: “Olho por olho, dentre por dente"... Eu usaria de retaliação! Eu dei meu sorrisinho satânico e lembrei que tinha uma música que ela odiava mais do que tudo... Vocês querem saber qual? Eu vou dizer: A dança do Créu, do tal Mc Creu... Puta merda! Ela tem pânico da voz e da letra do cara... Além de eu cantar a dita cuja, eu baixei no meu celular o ringtone da música... Quando a porcaria do celular tocava, nada mais da harmoniosa melodia de Kenny G, mas uma bagaceira do Créééééééééééu! Apesar de eu ser um Pinguim, eu tenho um espírito de porco... Eu cantava sem parar...
Parecíamos dois espadachins, dois esgrimistas em pleno duelo onde as espadas tinham sido substituídas por músicas que entravam pelos nossos ouvidos e provocavam ferimentos nos delicados tecidos cerebrais, matavam nossos já escassos neurônios e faziam com que continuássemos agindo de forma infantil e quase que irracional...
O clima estava ficando tenso de tão insuportável e quando a terceira guerra mundial estava prestes a ser deflagrada na Editora Pinguim Gelado, eis que chega a dona Jurema, a senhora encarregada de fazer a limpeza do local, munida de balde, vassoura, pano de chão, sabão e a Música “Piripiri” da Gretchen: “Piripiripiripiri O-ooo Oh, mon amour O-ooo, piripiripiripiri”
Eu a Princesa nos entreolhamos, abaixamos a cabeça e começamos a trabalhar ao som do estonteante melô que dona Jurema cantava com voz animada enquanto executava a faxina, que ela enfatizou, seria a mais caprichada de todas, sem hora para acabar, pois ela queria tudo brilhando e cheiroso...
Moral da história? “Não há nada tão ruim que não possa ficar pior!” Ah, e, com certeza, a dona Jurema não fala bem o francês, nem mesmo o básico contido na música da Gretchen... Ouvi-la trucidando a língua francesa foi de arrepiar...
Eu gostaria de encerrar esta postagem com a música da Gretchen, mas a Princesa censurou porque passamos aquele dia inteiro ouvindo o melô da dona Jurema. Então, escolhi uma música que acho que será mais agradável aos ouvidos dos leitores: Caetano Veloso (mas nada de “leãozinho”)...

http://www.muleke-malukinho.com/nacionais/nac_c/Caetano_Veloso_-_Odara_(mm).mid

Biografia do Pinguim Gelado

Muitos de nós não temos lembranças agradáveis do nosso período de infância... Quantos de nós não tivemos mais dissabores do que alegrias pueris? Eu, o amigo de vocês, Pinguim Gelado, também fui um cara que passou por grandes perrengues... Pra sobreviver eu tive que disputar a tapas as sardinhas com os outros do bando... Nadar mais que os outros, usar de mais malandragem pra fugir de predadores...
Arrumei muitas inimizades provocadas e inimigos gratuitos que simplesmente não iam com a minha cara por acharem que eu era um metidinho a besta, enrolão e traira... Bom, pensando bem, não eram tão gratuitos assim, uma vez que muitos deles tiveram as suas namoradas roubadas por este Pinguim galante e charmoso...
O fato é que o pequeno Pinguim teve que comer o peixe que Poseidon transpassou com o seu tridente pra sobreviver... Sei que vocês já ouviram milhares de histórias parecidas com a minha, mas é a mais pura verdade... Eu, com poucos anos de vida, já batalhava vendendo chiclete de plâncton nos semáforos da Patagônia e fazia malabares com muita habilidade... Matava um leão por dia juntamente com um parceiro de desdita e de peleja, Francisco era o seu nome... Um leão marinho cujo pai tinha morrido num acidente marítimo, pois um navio baleeiro o atropelou e ele teve a vida interrompida, deixando viúva e mais quatro filhos, entre eles o meu amigo, que era o filho mais velho... Ele passou a ser o arrimo da família, que com a morte do pai provedor, ficou desamparada...
Eu não era esteio de nada, mas tinha que comer, né? Nós tentávamos ganhar din-din de tudo que era jeito, mas não tínhamos muito talento para “atrai-lo”.
Um dia eu disse ao Chico que iria emigrar pros Estados Unidos do Alasca, pois a vida na Patagônia não estava dando certo pra mim... Eu tinha uns parentes por lá que trabalhavam numa multinacional norueguesa que era especializada em bacalhaus finos... Eu sempre fui um apreciador de bacalhau e poderia usar o meu talento para subir na carreira junto à empresa...
Assim, lá fui eu me enveredar pelas terras longínquas do Alasca... Consegui o emprego, estava me dando bem, mas como sorte de Pinguim não dura muito, eu me enrabichei pela filha do diretor da empresa... E por causa do bacalhau dela, eu ganhei um pé na bunda...
Mais uma vez estava na rua da amargura... Comecei a fazer uns biscates, nuns dias eu fazia bicos em lava-jatos de navios cargueiros, em outros eu me vestia de “Homem-Anúncio” de uma loja de sexy shop para tubarões, mas como eu estava sempre envolvido em confusões amorosas e barracos, lá estava eu novamente desempregado...
Eu não chegava a ser um mau caráter, mas dava meus trambiques aqui e ali... Nunca me dei bem por completo, e do mesmo jeito que o dinheiro vinha fácil, ele sumia mais facilmente ainda... Vivia na corda bamba... Sempre tendo grandes ideias, mas pequenos negócios (meio ilícitos)...
Um belo dia, quando eu estava na M... Com o dinheiro do aluguel atrasado, sem uma sardinha no congelador, sem luz no fim do túnel, visto que a energia elétrica tinha sido cortada por falta de pagamento, eu me lembrei do meu velho amigo de infância, o Chico... Voltei pra Patagônia e fui procurá-lo pra ver se conseguia arrumar alguma bufunfa, mas estava meio desesperançado, pois ele sempre foi tão azarento quanto eu... Mas, pra minha surpresa, o carinha estava montado na grana! Eu, que sempre achei que ele era um retardado, fiquei surpreso ao saber que ele tinha se casado com uma coroa rica... O cara estava outro! Parecia um playboy... Ele ficou muito feliz em me ver... Contei que estava na maior dificuldade, e ele se pôs a disposição para me ajudar... Ele estava com planos de se dedicar à política, e precisava de um “Marqueteiro”, uma espécie de Duda Mendonça “abaixo de zero”... E ele sabia que eu era esse talento que ele buscava, pois eu sempre fui um boa lábia, um falastrão e malandro o suficiente para saber vender bem qualquer produto... Animado com o elogio, e sabendo que ele tinha razão, pois eu sempre fui sensacional, e só não tive sorte porque fui perseguido e caçado por inimigos ocultos (meu psiquiatra denominou isso de comportamento paranóico), eu topei o desafio de vender a imagem do feioso e desajeitado Chico... E sabem de uma coisa, eu me encontrei realizado com esse tipo de trabalho... Ninguém sabe fazer um Marketing como eu, principalmente o meu marketing pessoal (eheheheh)... Chico foi eleito o vereador mais bem votado da história da Patagônia, e eu, com a grana obtida, comecei a investir em construtoras e ramo bancário, e como hobby, fundei a "Editora Pinguim Gelado LTDA" que nada mais é do que um grande outdoor para vender mais ainda, se é que isso é possível, a minha imagem carismática e "impoluta"...

http://www.damanit.com.br/N/Ney_Matogrosso/ney_matogrosso_e_chico_buarque_ate_o_fim.mid

Discutindo a relação ao som de um "Mantra" Celestial... ( o transe do Pinguim II)


Como vocês sabem, eu tenho uma propensão à catalepsia... Que nada mais é do que um transe onde eu viajo na maionese, tenho visões a partir de uma projeção do meu "Eu". Numa noite em que eu e a minha Princesa tínhamos quebrado o pau, eu não consegui dormir...
Fiquei na sala pensando, ou melhor, meditando... Foi quando eu comecei a sentir as manifestações que antecedem o advento dessa espécie de crise cataléptica (transe) de que eu sofro...
A Princesa estava dormindo pesadamente no quarto, após uma dose cavalar de Lexotam...
Eu me vi saindo do corpo e dei de cara com um Anjo que, vindo ao meu encontro, me cumprimentou e disse que estava ali com a missão de ajudar-nos a "discutir a relação". Convidou-me a ir até o quarto onde a Princesa dormia... Chamando-a pelo nome, fez com que ela, assim como eu, deixasse o seu veículo físico... A Princesa assim que se viu fora do corpo e se deparou comigo, tentou me acertar o tamanco, errando e acertando o Anjo... Eu disse: "Sua louca! Ninguém, em sã consciência, joga tamanco em Anjo! Presta atenção! Está com o diabo no corpo?!"
A Princesa deu de ombros e disse: "E eu estou sabendo que esse sujeito é Anjo? Eu só estou vendo um diabo de penas na minha frente... E por que esse Anjo não usa crachá?".
Aproveitando a gafe da Princesa, eu cheguei perto do Anjo, e como sempre, querendo bancar a vítima, disse com uma cara desolada: "Tá vendo, seu Anjo, o que eu tenho que aturar? Tá vendo o que eu passo com essa mulher?" O Anjo, esfregando o local aonde o tamanco tinha acertado, respondeu: "Pinguim, não vamos discutir isso aqui... Eu vim para levar vocês para uma terapia experimental de casal no Plano Celeste... As notícias que estão chegando à nossa Colônia Espiritual a respeito de vocês dois são preocupantes... Vocês não podem perder um Amor imenso assim por brigas e desavenças infantis... Eu quero que vocês me acompanhem..."
A Princesa retrucou: "Eu não tenho um caso de Amor com esse Pinguim dos Infernos... Isso que o senhor chama de Amor, eu chamo de Carma pesadíssimo... Deus, com certeza, não pesou a cruz quando me deu pra carregar, pois está além das minhas forças... Eu tenho vontade de depenar essa ave trapalhona..." Antes que a Princesa pegasse o outro pé de tamanco, o Anjo tratou de levar-nos a tal sessão terapêutica para casais em crise...
Chegando à colônia, fomos encaminhados a uma ante-sala onde outros casais estavam aguardando atendimento num clima beligerante... Eu, muito rabugento, perguntei ao Anjo: "Putz! Mas até aqui no Plano Espiritual tem fila do SUS?" Enquanto eu reclamava, notei que a Princesa estava vermelha e parecia estar fazendo força... Eu perguntei espantado: "Você vai fazer isso aqui, Princesa? O que isso? Deve ter um banheiro em algum lugar! Espera um pouco, amor, eu vou perguntar ao Anjiota..."
Ela me deu um pisão no pé e disse: "Seu bocó! Eu estou tentando voltar pro meu corpo! Sabe por quê? Por dois motivos. Primeiro: Eu não quero fazer terapia nenhuma com você, pois você nunca vai tomar jeito nessa sua vida!" Eu, com meu jeito distraído, perguntei qual era o segundo motivo. A Princesa me respondeu: "O segundo motivo é porque está chovendo muito lá no nosso bairro, e você, que é um imprestável malandro, não consertou o telhado como eu lhe pedi trocentas vezes, agora eu estou com uma goteira bem na minha bunda... Corro o perigo de acordar e achar que eu fiz xixi na cama de tanta raiva de você!! E você vai, com certeza, aproveitar a oportunidade para me azucrinar mais ainda com suas gozações desmedidas... Seu insensível troglodita!" Eu me afundei na poltrona onde me encontrava aguardando atendimento.
Algo estranho, passou a me chamar a atenção... Os casais que entravam rosnando um para o outro, depois de algum tempo saiam abraçadinhos cantarolando baixinho uma música que eu não conseguia identificar o que dizia, pois eles sussurravam um para o outro, com um sorriso nos lábios... Eu fiquei muito impressionado com aquilo... Olhei para a Princesa e notei que ela também não estava entendendo chongas... Eu me acheguei pra perto do cara de asas e perguntei: "Em que consiste essa terapia "experimental"? Ele me olhou com ar sereno e respondeu: "É uma terapia que estamos testando em casais "cabulosos", sinistros como vocês dois... É um tipo de procedimento como diria... Seria algo como um tratamento de choque. Se isso não resolver, vocês podem se separar, pois nada mais vai resolver..." Fiquei mais curioso ainda... Não me aguentava de vontade de conhecer a tal terapia...
Por fim chegou a nossa vez de sermos atendidos... A Princesa entrou com uma cara azeda e eu fui acompanhando-a... Dentro da sala estava nos aguardando uma Anja de cara divertida, parecia uma personagem de desenho animado... Ela nos cumprimentou e pediu para que contássemos nossas mazelas... A Princesa descarregou, rasgou o verbo... Eu também não economizei queixumes... Bradávamos feito dois loucos... Quase chegando às vias de fato... No meio da briga, a Princesa pediu emprestadas as alpargatas da dona Anja terapeuta, e esta se negou a dar... Foi patético assistir a Princesa se arrojando aos pés da Anja para tentar arrancar um pé que fosse para me acertar, e a Anja caindo de pernas pro ar...
Olha, pessoal, eu não nunca vi uma criatura celeste com tanta ira quanto eu vi aquela Anja gordinha ... A pobre ficou vermelha de raiva... Deu um grito que foi ouvido em toda Colônia Espiritual... Eu e a Princesa ficamos estáticos, sem graça... Ela, depois de respirar profundamente, disse que estava ali para nos ajudar, e precisava da nossa calma e cooperação... Ela pediu para que sentássemos um de frente pro outro, nos déssemos as mãos, olhássemos bem dentro dos olhos um do outro, ouvíssemos e, simultaneamente, cantássemos um para o outro a música que ela colocaria para tocar... Era um tipo de mantra que tinha por finalidade fazer uma espécie de catarse ou exorcismo das energias negativas que tomam conta do casal e fazem com que briguem tanto...
Quando ela deu "play" e pediu pra que a gente acompanhasse o tal mantra, eu e a Princesa ficamos boquiabertos, mas seguimos a orientação da Anja terapeuta... Vocês sabem de uma coisa? A princípio eu pensei que a Anja fosse o diabo disfarçado, mas a realidade é que quanto mais a gente cantava, mais nos sentíamos bem... E cantávamos animadamente e mais alto, com convicção... Quando a música foi encerrada, eu e a Princesa já estávamos abraçadinhos e trocando beijos carinhosos...
Parecia que tinha se operado um milagre! Há quanto tempo nós não tínhamos um momento de tamanha cumplicidade, amor e harmonia!
Agradecemos à dona Anja terapeuta e, antes de sair, eu perguntei aonde eu conseguiria comprar o Cd com o Mantra, ao que ela me respondeu: "Pinguim, nas melhores lojas do inferno você vai poder encontrar com 20 por cento de desconto se você apresentar esse cupom que eu vou lhe dar... Agora vão tomar... Como direi? Bom, vão tomar conta do Amor de vocês... Se cuidem..."
Saímos do consultório abraçadinhos e sussurrando um pro outro o precioso "mantra"... Como eu sou um Pinguim que sabe dividir, e minha Princesa idem, nós resolvemos compartilhar essa "benesse" celestial com outros casais que estejam atravessando momentos complicados na relação... Vão! Ouçam! Cantem um para o outro! Um abraço meu e da Princesa... Boa sorte, e vão tomando!

http://www.mistica-midis.com/Brega/Cris_Nicolotti_-_Vai_Tomar_No_Cu.mid

Pinguim tem um "Book"


Todos nós, Homens ou Pinguins, pobres ou ricos, inteligentes ou ignorantes, temos algo do que nos arrepender, do que nos envergonhar... Situações que são verdadeiras máculas, manchas irremovíveis do nosso currículo (passado)... Por mais que o tempo passe, por mais que a vida nos brinde com momentos de alegria, de renovação e redenção dos "pecados" cometidos, não tem jeito: Quando nos encontramos a sós com nós mesmos, eles, os micos, como assombrações, vêm no meio da noite, no escuro dos nossos quartos e com carantonhas fosforescentes se aproximam, dão uma gargalhada estridente e demoníaca e, bem perto do nosso rosto pálido e espantadiço, dizem: "Eu sei o que você fez no verão passado!"
Vocês estão se perguntando por que eu citei o "Verão", correto? Acham que eu sou um louco? Acham que eu não vou conseguir sair dessa pergunta encalacradora?
Pois eu sei bem do que falo... É justamente no período do verão que muitos escolhem para tirar férias, passear, viajar, conhecer outros lugares... Também é nessa estação que acontecem as mais importantes festas do nosso calendário brasileiro, dentre elas o Natal, Reveillon e o "comprometedor" Carnaval...
Quem não tem uma história de um vexame, uma gafe, uma cagada fora do penico? Nesses períodos de festas o diabo faz a festa, você "incorpora", fica tomado por uma "entidade" que lhe faz cometer as maiores sandices e loucuras...Você não se controla, simplesmente faz a besteira... Mas isso não é nada, todos nós podemos cometer esses erros, o problema reside no fato de que sempre tem um filho da puta com uma câmara fotográfica ou uma filmadora para registrar o flagrante...
Quando é no trabalho, e acontecem as festas de encerramento, de confraternização, sempre tem o momento "retrospectiva" do ano que está se encerrando... Até aí tudo bem, se você não faz parte dos personagens que protagonizaram os momentos "enxovalhantes"... Mas tem sempre um desgraçado, filho de uma égua que vai mais longe... Um, dois, três, dez anos até chegar ao seu personal mico... Aquele que lhe pertence, aquele cuja paternidade é sua, mas você gostaria de esquecer... Talvez tenha sido um porre homérico, um "pagar peitinho ou cofrinho", um tombo na hora da dança, um flagra de você pegando a secretária do chefe num cantinho escuro, e um imbecil acende a luz porque não conseguia encontrar a caneta de estimação que a avó do corno tinha dado a ele...
Não tão diferente do que acontece no local de labuta, em família é a turma dos chatos nostálgicos, quem desenterra o passado... São seus próprios parentes, aqueles que deveriam lhe proteger e amar, os que mais lhe envergonham e avacalham... Como? Com aquelas fotos "engraçadinhas" de você criança vomitando, cagando no tapete, dormindo com a cara no prato de mingau, bebendo água do vaso sanitário, comendo terra e achando que a lesma do quintal da vovó é escargot... Ou na sua fase infanto juvenil quando você tinha ídolos que hoje você abomina, mas infelizmente existem documentos como fotos e fitas de VHS comprometedoras, que sua mãe ou sua avó cismam de passar ou mostrar quando você leva a sua namorada nova para conhecer a família...
Se, mesmo depois de ter assistido àquela videoteca dantesca e visto todas as fotos impublicáveis, a sua namorada não se decidir por sair correndo da sua vida, como consequência do plano diabólico engendrado por sua mãe ou avó pra fazer com que você não fique com aquela mocinha "desinibida" e mesmo assim vocês resolvem morar junto, aí começam as famosas fotos da vida em comum de um casal apaixonado... Inicia-se aí outra fase em que você vai sofrer, pois, principalmente as mulheres, adoram guardar aquelas fotos em que você, o "provedor", foi pego numa situação inusitada, ridícula e muito deprimente para fazer com que você se sinta patético... São fotos que ela, enquanto o namoro está de vento em popa, considera engraçadinhas, lindinhas, fofinhas, e ela não deleta ou não deixa você rasgar... Esconde a sete chaves... Todavia, quando vocês estão comendo o fígado um do outro, meus amigos, podem ter certeza, essas fotos irão ressurgir como um furúnculo purulento... E, se a separação entre vocês é inevitável, antes dela rasgar todas as suas fotos, ela vai mostrar as "bisonhas" para as amigas, e dizer com cara de desdém: "Como eu pude me apaixonar e me casar com uma criatura babaca como essa aqui na foto? Essa foi tirada quando estávamos de férias na Argentina, o cagão, frouxo, quase morreu de susto só porque viu uma barata voadora indo em direção a ele... Que bundão! kkkkk! Nunca entendi como um marmanjo daquele se desmunhecava por causa de um inseto insignificante... Como eu era iludida... "
Moral da história: Essas situações comprometedoras vão sempre acontecer, mas existem atitudes preventivas que podem ajudar a diminuir o impacto negativo... No trabalho, evite as festas, mesmo sendo taxado de anti-social, e se não conseguir evitá-las, não ingira nenhuma gota de álcool, não levante a bunda da cadeira e cubra o rosto fingindo que está lendo algo quando vierem lhe fotografar ou filmar... Em família, suborne um sobrinho mau caráter para que ele "subtraia" todas as fotos de infância que sua mãe tem e que são sempre sacadas quando da visita de suas namoradas... Já com seu novo par, seja malandro: Faça um álbum "dossiê" bem recheado com fotos bagaceiras dela, garantindo que ela sinta-se envergonhada de mostrar...

http://www.skanf.com/remix/Nacional/capital_inicial-Tudo_que_vai.mid